Ciclo PDCA: o que é e como aplicar na construção civil?
4 de agosto de 2023
Ciclo PDCA: o que é e como aplicar na construção civil?
O Ciclo PDCA é uma excelente ferramenta de gestão que busca trazer maior clareza e produtividade para qualquer projeto em que for aplicado. É uma ferramenta que pode ser utilizada por todas empresas que buscam a melhoria contínua em seus processos. E é impossível falar em melhoria contínua sem mencionar o Kaizen e a Lean Construction.
O Kaizen, originário do Japão, é um método muito utilizado na Lean Construction. O termo significa “mudança para melhor”, e tem como base a ideia de que pequenas melhorias contínuas, realizadas de forma consistente ao longo do tempo, podem gerar grandes impactos positivos em um processo ou em um empreendimento.
Essa abordagem tornou-se uma parte central da cultura empresarial japonesa e tem sido adotada com sucesso em diversas indústrias ao redor do mundo.
A melhoria contínua, seja pelo Kaizen ou pela abordagem toda de Lean Construction, é essencial para aprimorar os processos construtivos e superar os desafios que a indústria enfrenta diariamente. Portanto, existem várias ferramentas e metodologias disponíveis, e uma delas é o ciclo PDCA, que veremos neste artigo.
O que é o Ciclo PDCA?
O Ciclo PDCA, também chamado de Ciclo de Deming ou Ciclo de Shewhart, é a sigla para uma metodologia de gestão utilizada para promover a melhoria contínua de processos e alcançar resultados cada vez melhores. O termo “PDCA” é um acrônimo das quatro etapas que compõem esse ciclo: Planejar (Plan), Executar (Do), Verificar (Check) e Agir (Act).
A origem do Ciclo PDCA remonta à década de 1920, quando o estatístico e engenheiro Walter A. Shewhart o desenvolveu enquanto trabalhava na Western Electric Company, uma divisão da empresa de telecomunicações AT&T.
Shewhart buscava meios de aperfeiçoar a qualidade dos produtos industriais e, para isso, criou um método cíclico que permitisse a identificação de problemas, a implementação de soluções e a avaliação dos resultados obtidos. Nessa época, o ciclo ficou conhecido como “Ciclo de Shewhart”, devido à sua autoria.
Posteriormente, a ideia foi aprimorada e difundida por William Edwards Deming, outro renomado estatístico e consultor de gestão. Durante a década de 1950, Deming apresentou o Ciclo PDCA às empresas japonesas, onde passou a ser chamado também de “Ciclo de Deming”.
A partir de então, a metodologia do Ciclo PDCA ganhou reconhecimento mundial e foi adotada em diversas áreas, incluindo a construção civil, como uma ferramenta essencial para aprimorar processos, eliminar desperdícios e atingir a excelência operacional.
Sua aplicação permite a identificação ágil de problemas, a implementação de soluções de forma controlada e a repetição do ciclo para a obtenção contínua de melhorias.
Etapas do Ciclo PDCA
O Ciclo PDCA é formado por quatro etapas que compõem a sigla em inglês: Plan (planejar), Do (executar), Check (verificar) e Act (agir). Para colocar a estratégia em prática, é preciso que o projeto seja feito respeitando cada uma dessas fases, que possuem igual importância para que o resultado final seja de fato eficiente.
1. Plan – Planejamento
Nesta primeira etapa, é preciso colocar no papel todos os processos que serão necessários até a conclusão do projeto. Cada um desses processos deve ser explicado detalhadamente a fim de encontrar boas oportunidades e gargalos que possam ser corrigidos de antemão.
Quanto mais rico em informações e detalhes for o planejamento, melhor será a clareza das informações para que as próximas fases saiam corretamente. O PDCA é uma ferramenta cuja ordem das tarefas importa muito, e por isso cada uma das etapas deve ser feita pensando na próxima.
2. Do – Execução
A segunda fase é quando o planejamento é posto em prática. Depois de todas as etapas serem descritas detalhadamente, com problemas e soluções mapeados, é hora do projeto entrar em execução seguindo à risca o que foi previamente planejado.
3. Check – Verificação
Para evitar erros e refações que podem acabar custando tempo e dinheiro da empresa, é importante que essa etapa seja cumprida juntamente com a execução. Isso porque durante o desenvolvimento do projeto já é possível identificar possíveis erros que podem gerar grandes problemas no futuro e, assim, corrigi-los em tempo.
4. Act – Ação
A última etapa do ciclo PDCA é como se fosse o arremate de todas as fases anteriores. Depois de planejar, colocar em prática, fazer uma revisão para encontrar possíveis problemas, é hora de aplicar tudo que foi identificado que pode melhorar. Portanto, aqui são observados e avaliados todos os pontos das etapas passadas a fim de otimizar o projeto como um todo.
Aplicando o PDCA na Construção Civil
Na realidade da obra, o PDCA pode ser aplicado de forma prática para otimizar processos, identificar problemas e tomar decisões embasadas em dados. Vamos explorar dois exemplos de como o PDCA pode ser utilizado na construção:
Exemplo 1: PDCA no Planejamento de Obras
- Plan – Planejamento de Longo Prazo: Aqui a equipe de gestão, em conjunto com os profissionais especializados, define as metas do projeto, o escopo detalhado, os prazos e os recursos necessários para a execução da obra. É nesta etapa que entra a elaboração da EAP e do cronograma da obra.
- Do – Execução da Obra no Canteiro: Com o planejamento estabelecido, a equipe inicia a execução da obra no canteiro. Os trabalhos são realizados de acordo com o cronograma previsto, seguindo as especificações técnicas e as diretrizes estabelecidas na fase de planejamento.
- Check – Medições Físicas: Durante a execução da obra, são realizadas medições físicas periódicas para avaliar o progresso em relação ao planejamento. O avanço das atividades e o consumo de recursos são verificados para garantir a conformidade com os objetivos do projeto.
- Act – Identificação de Possíveis Atrasos e Replanejamento: Caso sejam identificados atrasos ou desvios em relação ao planejado, a equipe age de forma proativa para identificar as causas e realizar o replanejamento necessário. Ações corretivas são implementadas para recuperar o tempo perdido e ajustar o cronograma, assegurando o alinhamento com as metas definidas.
Exemplo 2: PDCA na Gestão de Restrições
- Plan – Elencar Restrições no Planejamento de Médio Prazo: Começa com a equipe identificando potenciais obstáculos, como disponibilidade de recursos, fornecimento de materiais ou licenças regulatórias.
- Do – Rodar o Ciclo, Executando a Gestão de Restrições: Com as restrições identificadas, a equipe realiza a gestão de forma ativa e contínua, normalmente dentro de um prazo de três meses. São adotadas ações para mitigar os efeitos das restrições, como realocação de recursos, otimização do fluxo de trabalho ou negociação com fornecedores.
- Check – Identificar Possíveis Atrasos e Mapear Motivos: Periodicamente, são feitas verificações para identificar a ocorrência de atrasos ou desvios em relação ao planejado. A equipe mapeia as possíveis causas e avalia se estão relacionadas às restrições previamente elencadas.
- Act – Retroalimentar Restrições: Com base nas informações coletadas, a equipe realiza uma retroalimentação das estratégias de gestão de restrições. Ações corretivas e ajustes são implementados para aprimorar o controle sobre as restrições e garantir a continuidade do projeto dentro dos parâmetros estabelecidos.
Benefícios do PDCA na Construção Civil
São muitos os benefícios que o PDCA pode trazer para a realização de projetos na construção civil. Como por exemplo:
- Identificação de Desperdícios e Oportunidades de Melhoria: O PDCA permite que a equipe de construção identifique desperdícios de recursos, tempo e materiais ao longo do processo de execução da obra. Com a análise sistemática, é possível encontrar oportunidades para otimizar o uso de recursos, reduzir custos e melhorar a eficiência da construção.
- Planejamento e Definição de Metas: O Ciclo PDCA proporciona um planejamento estruturado e detalhado para a obra. Ao estabelecer metas claras e objetivas para cada fase do projeto, a equipe tem um direcionamento mais preciso, o que ajuda a manter a obra dentro do cronograma e alinhada com os objetivos do empreendimento.
- Implementação das Ações e Mudanças: Com base no planejamento, a equipe pode implementar ações e mudanças de forma controlada e organizada. A aplicação do PDCA permite que as intervenções sejam realizadas com base em dados, garantindo uma abordagem sistemática para corrigir problemas e introduzir melhorias.
- Coleta e Análise de Dados: O PDCA envolve a coleta e análise contínua de dados relevantes para a obra. Através dessa coleta, é possível monitorar o desempenho, identificar tendências, e avaliar se as ações tomadas estão gerando os resultados desejados.
- Tomada de Decisões Baseada em Dados: Com a análise dos dados coletados, a equipe pode tomar decisões embasadas em informações concretas, minimizando decisões baseadas em suposições ou intuições. Isso leva a decisões mais acertadas e consistentes ao longo do projeto.
- Banco de Lições Aprendidas e Padronização das Melhores Práticas: O Ciclo PDCA permite que a equipe registre as lições aprendidas ao longo do projeto e padronize as melhores práticas identificadas. Essa documentação é valiosa para aprimorar futuros empreendimentos, facilitando a replicação de soluções eficazes e evitando a repetição de erros.
Conclusão
Ao longo deste conteúdo, exploramos os benefícios do Ciclo PDCA na construção civil, apresentando exemplos práticos de sua aplicação no planejamento e gerenciamento de obras e na gestão de restrições. O PDCA se revela uma poderosa ferramenta para promover a melhoria contínua dos processos, a redução de desperdícios e a tomada de decisões embasadas em dados.
Para garantir uma implementação bem-sucedida do Ciclo PDCA, algumas dicas são essenciais. Primeiramente, o comprometimento das lideranças é fundamental para engajar toda a equipe e assegurar que a metodologia seja incorporada de maneira efetiva na cultura organizacional. Além disso, a capacitação e o treinamento das equipes são essenciais para que todos compreendam a metodologia e estejam aptos a contribuir com as análises e ações necessárias.
Outra prática relevante é o uso da tecnologia como suporte em todas as etapas do PDCA. Ferramentas digitais, como os softwares de gestão de obras, permitem a coleta e análise de dados de forma ágil e precisa, facilitando a identificação de padrões e o acompanhamento do desempenho da obra em tempo real.
Para uma gestão eficiente e resultados consistentes, adotar o Ciclo PDCA como uma prática contínua na construção civil é crucial. Se você tem interesse em conhecer outras ferramentas Lean para contribuir com a melhoria contínua dos projetos de construção, baixe agora mesmo o nosso material rico “Kit de Ferramentas Lean”.
Engenheiro Civil e Especialista em Gerenciamento de Obras e Produtividade da Construção. Desde 2014, atua no ramo da construção civil, com experiência em canteiros, ...
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