Construção enxuta: as bases para reduzir custos
7 de julho de 2023
Construção enxuta: as bases para reduzir custos
A construção enxuta auxilia as empresas a reduzir custos e eliminar os principais tipos de desperdícios nas obras.
É impossível falar em construção civil sem mencionar o desperdício. Segundo um estudo, cerca de 100 bilhões de toneladas de resíduos são geradas pelo setor, globalmente. Mas engana-se quem pensa que o descarte de materiais é a única forma de desperdício.
Por isso, construtoras, engenheiros, operários e outros profissionais do projeto atuam de forma contínua buscando minimizar todo o tipo de perdas e reduzir custos. Nesse sentido, a construção enxuta é uma metodologia fundamental para alcançar melhores resultados.
A construção enxuta orienta que devemos olhar além dos desperdícios óbvios para identificar todos os processos em que há custos desnecessários e por quê. Ou seja, é preciso questionar: o que está fazendo a obra gastar mais do que precisa?
Entender as bases da construção enxuta vai ajudar a reduzir os custos e tornar seus projetos mais sustentáveis e produtivos. Acompanhe a seguir!
O que é construção enxuta?
A construção enxuta – ou Lean Construction, como também é conhecida – é uma filosofia adotada na construção civil com o objetivo principal de reduzir custos, desperdícios e processos. As empresas que adotam a filosofia Lean fazem mais com menos. Ou seja, utilizam apenas os recursos necessários em seus processos.
Com a aplicação da construção enxuta nas obras, as empresas alcançam otimização dos projetos construtivos. A partir de uma análise dos processos, é possível eliminar os excessos e tudo que não agrega valor. Dessa forma, a construtora consegue reduzir custos com materiais, etapas, gastos desnecessários com mão de obra, dentre outros tipos de desperdícios.
Inclusive, existem 8 tipos de desperdícios na visão da construção enxuta. É sobre eles que vamos saber mais a seguir.
8 principais tipos de desperdícios na construção civil
1. Tempo de espera
O tempo gasto na construção civil, seja por pessoas ou por equipamentos sem uso, é considerado um desperdício. Enquanto esperam, os colaboradores não estão executando nenhuma atividade necessária ao processo. Assim, estão sendo improdutivos.
O mesmo se aplica aos equipamentos, quando sem uso. Caso sejam da construtora, poderiam estar sendo usados em outros projetos. Quando não são, a diária de locação daquele recurso está sendo paga – muitas vezes em valores expressivos – mesmo que ele não esteja sendo aproveitado.
A espera pode ser causada por diversos fatores, como falta de material, falta de equipamentos ou ferramentas, atraso na entrega dos materiais, mal dimensionamento da frota – quando caminhões estão na fila aguardando para descarregar, por exemplo – dentre outros.
2. Movimento improdutivo
Ações que não agregam valor ao processo também são um desperdício. Afinal, se são desnecessárias e dispensáveis para o projeto, poderiam ser substituídas por atividades mais produtivas e que agregam valor ao resultado.
Um exemplo de movimento que gera custos para a construção civil é o deslocamento dos operários entre andares para buscar ferramentas ou mesmo o deslocamento do próprio material. Por esse motivo, algumas construtoras utilizam elevadores em suas obras e distribuem kits completos de ferramentas para cada profissional. Em outros casos, como alternativa, também faz-se uso de pré-moldados, kit de instalações prontos e grua para movimentação de material.
Na visão da construção enxuta, além desses processos serem um desperdício, eles contribuem para tornar as atividades mais complexas e repetitivas. Ações realizadas mais de uma vez são exemplos disso, seja por falta de planejamento, má execução, falta de orientação, ou simplesmente porque sempre foi feito daquela forma e o sistema não se arrisca a mudar.
3. Área inutilizada
Todo espaço que não é utilizado na obra ou ambientes de atividades paralelas – não relacionadas com a obra – são áreas de desperdício. Ter uma área ociosa, de acordo com a filosofia da construção enxuta, pode causar desperdícios relacionados a:
- Vigilância: canteiros grandes, com muitos espaços vazios exigem vigilância para evitar que se tornem pontos de criminalidade ou até de acidentes;
- Supervisão: áreas grandes são mais difíceis de controlar, podendo causar má distribuição da mão de obra e até uso incorreto dos materiais;
- Locação: a falta de organização e previsibilidade faz com que muitas construtoras aluguem áreas próximas da obra – durante todo o projeto – para construir depósitos, almoxarifado e outros espaços.
4. Transporte
O transporte gera alguns desperdícios para a construção civil. A começar pela movimentação em excesso ou desnecessária dos estoques intermediários. Outro ponto de atenção são os meios de transporte utilizados de forma errada, como carrinho para carregar materiais que se perdem, caem ou se espalham pelo canteiro.
Além disso, perde-se muito tempo com outros processos relacionados ao transporte, como a logística de carga e descarga de materiais, por exemplo. Quando mal planejada, a logística pode gerar filas desnecessárias ou impedir o acesso do veículo ao canteiro. Isso exige que um grupo de profissionais tenha que ir buscar os materiais onde foram descarregados e levar para o ponto onde serão armazenados.
5. Estoque
Muitas materiais e insumos dentro de um estoque podem indicar alguns fatores. Um deles é que a obra está atrasada e o outro é que os recursos não estão sendo usados, seja por compra incorreta ou por falha no planejamento, levando a compra excessiva de produtos que só seriam usados no longo prazo.
6. Excessos de produção
Simples de identificar, a produção excessiva se caracteriza quando a equipe gerou mais produto ou executou mais serviço do que precisava. Um exemplo prático é com a produção de massa (cimento) em excesso, na escavação de áreas maiores do que necessário ou até na mistura de tintas que sobraram depois da pintura.
Em diversos casos, a produção excessiva não gera um desperdício apenas de material e de tempo da mão de obra, mas também gera resíduos para o meio ambiente. Nem sempre o material que foi produzido em excesso poderá ser reutilizado, ocasionando descartes.
A produção excessiva também pode acontecer quando o serviço é executado muito antes de ser utilizado. Isso fará com que um estoque seja gerado sem necessidade, exigindo espaço de armazenamento ou até mesmo sendo mantido em áreas sem proteção, podendo pegar chuva e sol e incorrendo no desperdício mencionado anteriormente.
Por esses e outros motivos, na construção enxuta, recomenda-se a aplicação do sistema puxado de produção. Nele, o processo de produção é acionado somente quando há uma necessidade real por parte do cliente. Isso significa que cada etapa é acionada pelo estágio anterior, garantindo um fluxo contínuo e sincronizado de materiais e produtos.
7. Erros de execução
Um dos desperdícios mais significativos e também, por consequência, um dos maiores desafios na construção civil é que, em grande parte, os erros de execução acontecem de forma sistêmica. Já estão enraizados nos processos e acontecem justamente por isso, seja porque um procedimento sempre foi feito daquela forma, ou porque foi ensinado de determinado jeito e não há segurança em inovar.
Aqui alguns exemplos que podemos citar são as dezenas de retrabalhos realizados em função de projetos mal elaborados ou com erros de compatibilização. A falta de planejamento por trás de todas as etapas de execução da obra, desde o desenho inicial do projeto até a finalização no canteiro, pode ocasionar falhas que seriam facilmente corrigidas, sem gerar transtornos a ninguém.
Uma forma eficiente de organizar isso é criando um Last Planner ou um gerenciamento de restrições, por exemplo, para organizar toda a obra e prever qual material, em que quantidade e o tipo de mão-de-obra necessária para cada uma das etapas.
Isso ajuda a prevenir problemas como a falta de material para avançar com determinado passo da obra e também a falta de comunicação, pois desde o início todos os envolvidos na obra (desde gestores até operários) conseguem estar na mesma página para compreender, mapear e seguir tudo o que precisa ser feito.
8. Atraso
O atraso gera impactos diretos nos resultados financeiros do projeto e, por consequência, da empresa. Quando há atraso, outros desperdícios já aconteceram, como a ociosidade na obra, problemas com o transporte, espera, movimentação entre outros.
Além disso, o atraso indica que outros processos do projeto estão sofrendo atrito, podendo ter sido causados desde a fase de planejamento e cronograma, com definições equivocadas e distantes da realidade.
Em muitos casos, o atraso acontece porque não se tem uma visão de longo prazo do projeto, com um cronograma atualizado, que permita enxergar com antecedência pontos de gargalo a serem resolvidos e que já possam indicar a impossibilidade de executar o que foi planejado, no prazo determinado inicialmente.
Construção enxuta: como impede desperdícios e ajuda a reduzir custos na obra
Um dos principais pilares da construção enxuta é a estabilidade da produção. Nessa filosofia, a obra deve caminhar de forma sustentável, colaborativa e produtiva, buscando sempre a melhoria contínua e a eficiência das entregas, reduzindo os custos do projeto.
Para as empresas, o principal desafio está justamente em identificar os desperdícios que não são tão óbvios quanto um material que foi perdido no processo. Nesse artigo, listamos diversos tipos de desperdícios que o gestor precisa enxergar, mas que não são tão claros – como a movimentação de funcionários e o tempo de espera, por exemplo.
Com a aplicação de uma metodologia enxuta, a ideia é identificar o mais cedo possível o maior número de problemas, para que esses sejam resolvidos rapidamente. A antecipação dos desperdícios permite que alternativas sejam adotadas previamente, a fim de evitá-los.
Nesse sentido, a Linha de Balanço é um recurso fundamental, pois ajuda a organizar e planejar os locais da obra no tempo. O engenheiro consegue ter uma visão ampla e simples do que está sendo feito e do que ainda será realizado.
Com base nas informações que entrega e aplicada junto à uma metodologia enxuta, a Linha de Balanço ajuda a melhorar a produtividade e a qualidade das atividades realizadas no canteiro de obras. Baixe agora um template gratuito, que pode ajudar a sua empresa a ter uma construção enxuta.
Engenheiro Civil e Especialista em Gerenciamento de Obras e Produtividade da Construção. Desde 2014, atua no ramo da construção civil, com experiência em canteiros, ...
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