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Gerenciamento de riscos na construção civil: o que é e como fazer?

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2 de janeiro de 2024

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Gerenciamento de riscos na construção civil: o que é e como fazer?

O gerenciamento de riscos é uma das práticas mais importantes durante a concepção e a realização de uma obra. Situações imprevistas ou ocorrências adversas no canteiro podem ter impactos profundos sobre o planejamento e o orçamento de uma construção – e, consequentemente, no sucesso do empreendimento.

Portanto, identificar, avaliar e mitigar os riscos no processo construtivo é crucial para garantir a integridade, a eficiência e a segurança ao longo de todo o ciclo da construção.

No nível de projeto, o gerenciamento de riscos na construção civil contempla aspectos práticos da execução da obra. Uma das abordagens mais relevantes é a do gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO), sob responsabilidade da engenharia de segurança do trabalho.

O assunto, inclusive, é objeto de Normas Regulamentadoras (NRs) específicas editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, incluindo a NR 18 – Segurança e saúde no trabalho na indústria da construção.

Em seu item 18.4.1, ela afirma de forma explícita: “São obrigatórias a elaboração e a implementação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) nos canteiros de obras, contemplando os riscos ocupacionais e suas respectivas medidas de prevenção”. Ou seja, a obra que não conta com um PGR formal está sujeita a penalidades duras em caso de visitas da auditoria-fiscal do trabalho. 

Neste artigo, você conhecerá as principais etapas para elaborar um plano eficiente para lidar com os riscos na construção civil, com ênfase no atendimento às exigências da NR 18.

Sabe qual a boa notícia? Ao dominar esses conceitos básicos, fica muito mais fácil realizar análises de risco em outras áreas da empresa!

Quais os principais riscos na construção civil?

O canteiro de obras é um campo repleto de perigos potenciais, exigindo vigilância constante e medidas proativas de segurança. Cada etapa do processo construtivo, da escavação à entrega da obra, envolve riscos específicos que devem ser meticulosamente gerenciados.

Veja a seguir algumas categorias de riscos mais comuns em uma obra, cada um acompanhado de um exemplo prático de atividade laboral.

  • Ruídos: o uso de martelos pneumáticos durante a demolição de concreto é um exemplo clássico, em que os níveis de ruído podem causar danos auditivos a longo prazo.
  • Exposição ao calor: trabalhadores que realizam atividades a céu aberto em dias quentes estão expostos a altas temperaturas, podendo sofrer de insolação e desidratação.
  • Trabalho sob condições hiperbáricas: mergulhadores realizando inspeções ou reparos em estruturas subaquáticas de pontes enfrentam riscos associados à pressão elevada.
  • Exposição a agentes químicos: manipulação de solventes e tintas durante a pintura de ambientes fechados pode expor os trabalhadores a vapores nocivos.
  • Exposição a poeiras minerais: o corte e o lixamento de materiais como rochas ornamentais geram poeira silicosa, prejudicial aos pulmões.
  • Exposição a agentes biológicos: durante operações de manutenção em tubulações de esgoto, os trabalhadores estão expostos a bactérias e vírus, que podem causar doenças.
  • Exposição ao tráfego de veículos: em obras rodoviárias, os trabalhadores estão em risco devido à proximidade com o tráfego de veículos em alta velocidade.
  • Choques elétricos: instalação de sistemas elétricos sem as devidas precauções pode resultar em choques elétricos.
  • Movimentação de materiais: o uso de gruas para elevar cargas pesadas envolve riscos de queda de materiais.
  • Operação de máquinas e equipamentos: a operação de escavadeiras pode levar a acidentes graves em caso de desatenção do trabalhador. 
  • Operação de ferramentas de corte: o uso inadequado de serras de bancada pode causar cortes e lacerações.
  • Incêndios e explosões: armazenamento inadequado de materiais inflamáveis, como tintas e solventes, aumenta o risco de incêndios e explosões.
  • Trabalhos em espaços confinados: a manutenção de estruturas subterrâneas pode levar à asfixia dos trabalhadores ou à contaminação por gases tóxicos.
  • Trabalhos em altura: a montagem e a concretagem de lajes em edifícios altos sem equipamentos de segurança adequados expõem os trabalhadores a riscos de quedas fatais.
  • Escavações: na execução de fundações e valas de infraestrutura subterrânea, há riscos de desmoronamentos ou deslizamentos de terra.
  • Ergonômicos: no longo prazo, a realização do transporte manual de sacos de cimento, por exemplo, pode causar problemas ortopédicos no trabalhador.

Como fazer a gestão de riscos na construção civil?

Cada canteiro de obras deve dispor de um único PGR, composto por um inventário de riscos e um plano de ação, sendo a sua criação atribuída a um engenheiro de segurança.

  • Inventário de riscos – Deve conter uma descrição completa dos processos de trabalho, ambientes e atividades, identificação de perigos e possíveis impactos à saúde dos trabalhadores, especificando fontes de risco, grupos vulneráveis e medidas preventivas adotadas. Também deve avaliar e classificar os riscos para a criação de um plano de ação eficaz, estabelecendo critérios claros para a identificação de riscos e tomada de decisões.
  • Plano de ação – A construtora deve implementar e aprimorar medidas de prevenção. É essencial registrar a implementação dessas medidas e monitorar seu desempenho, incluindo verificação das ações, inspeções dos locais de trabalho e acompanhamento da exposição a agentes nocivos. Se o monitoramento indicar ineficácia das medidas, ajustes devem ser feitos.

Para elaborar o PGR, deve-se seguir as etapas.

1. Identificação de riscos

Esta etapa envolve o reconhecimento e a documentação de todos os potenciais riscos presentes no canteiro de obras. Isso inclui a análise de riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de segurança, considerando as características específicas de cada atividade e frente de trabalho.

Para fazer esse levantamento, utilize a lista de riscos que apresentamos na seção “Quais os principais riscos na construção civil?” e consulte todas as NRs do Ministério do Trabalho.

2. Avaliação de riscos

Cada risco é cuidadosamente avaliado em termos de severidade e da probabilidade de ocorrência das lesões ou agravos, além de seu impacto potencial na saúde dos trabalhadores. 

A gradação da severidade das lesões deve levar em conta a magnitude da consequência e o número de trabalhadores possivelmente afetados. Já a gradação da probabilidade de ocorrência de um evento deve levar em consideração os requisitos estabelecidos em Normas Regulamentadoras, as medidas de prevenção implementadas, as exigências da atividade de trabalho e o perfil de exposição ocupacional. 

Ferramentas como a matriz de riscos são empregadas para visualizar e classificar os riscos, ajudando a determinar quais necessitam de monitoramento mais rigoroso.

Matriz de Riscos na Construção Civil
Exemplo de uma Matriz de Riscos na Construção Civil

Vale lembrar que esta análise não é estática: ela deve ser revista e atualizada regularmente para refletir as mudanças nas condições de trabalho ou nos métodos de construção, garantindo que o processo de avaliação de riscos permaneça relevante e eficaz.

3. Planejamento de respostas a riscos

Baseado na avaliação, o próximo passo é desenvolver um plano de resposta detalhado para cada risco identificado. 

O produto final desta etapa são fichas detalhadas, que incluem informações essenciais sobre cada atividade e seus respectivos riscos, a probabilidade de ocorrência e as estratégias de mitigação recomendadas. Ao preparar este documento, é fundamental incluir:

  • Identificação da construtora;
  • Identificação da obra – informando o bloco ou área específica, quando conveniente;
  • Identificação do processo construtivo – montagem de armaduras em lajes, por exemplo;
  • Identificação do documento – usando o sistema de siglas e numeração da construtora;
  • Datas de criação e atualização do documento;
  • Atividades envolvidas no processo construtivo – as etapas detalhadas do processo construtivo, como, por exemplo, a movimentação de vergalhões.
  • Perigo – enumere os perigos associados a cada atividade, como o risco de queda de vergalhões durante o transporte.
  • Dano – liste os danos potenciais, como traumatismos ou lesões, relacionados ao risco.
  • Controle – descreva medidas preventivas e ações para evitar a ocorrência do risco, como treinamento de pessoal, uso de EPIs e instalação de EPCs.
  • Número de pessoas expostas – estime o número de trabalhadores expostos ao risco.
  • Probabilidade – faça uma avaliação do nível de risco de ocorrência do evento.
  • Severidade – avalie as possíveis consequências do evento para a obra.
  • Plano de ação – defina as ações a serem tomadas em caso de ocorrência do evento, visando minimizar danos à saúde dos trabalhadores.

4. Implementação e monitoramento

A fase final envolve a execução do plano de ação, com o treinamento das equipes de trabalho. Deve-se, também, proceder ao monitoramento contínuo da ocorrência dos eventos previstos ou imprevistos, a fim de avaliar a eficácia das medidas de prevenção implementadas e aprimorá-las quando necessário, garantindo que o PGR permaneça atualizado e responda adequadamente aos riscos dos processos construtivos.

Vale lembrar que a implementação das estratégias de segurança não deve ser isolada do planejamento e do orçamento da obra. Medidas como a instalação dos EPCs (como bandejas periféricas, telas de proteção e guarda-corpos), a aquisição dos EPIs (capacetes, óculos de proteção, máscaras, luvas e botas) e a sinalização do canteiro têm custos e devem, portanto, estar contemplados na previsão de custos do projeto.

Gerenciamento de riscos de negócios na construção civil

É importante notar que o gerenciamento de riscos na construção civil pode ter abordagens e escopos diversos. 

No nível de negócios, por exemplo, o gerenciamento de riscos pode incluir análises como o impacto da taxa de juros nos novos empreendimentos (risco econômico), o comportamento dos custos de construção (riscos setoriais) e a disponibilidade de materiais e mão de obra (riscos de abastecimento).

Após o levantamento e a avaliação desses riscos para as operações, cada área da empresa fica responsável por elaborar planos de ação práticos para o caso os eventos previstos venham a ocorrer. Esses planos também devem ser atualizados de tempos em tempos.

Vale lembrar que qualquer empresa, inclusive de outros setores, pode fazer o gerenciamento de riscos de seu negócio.

Conclusão

O gerenciamento de riscos na construção civil é indispensável para garantir a segurança, a eficiência e o sucesso financeiro dos empreendimentos. A elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) formal, aliás, é uma exigência do Ministério do Trabalho e Emprego para garantir a segurança do trabalho nos canteiros de obras.

Neste artigo, mostramos quais os principais riscos na construção civil e mostramos como fazer seu gerenciamento, passo a passo – incluindo a identificação e a avaliação de riscos, a elaboração de planos de ação e a implementação e o monitoramento contínuo das medidas de prevenção. Demonstramos, ainda, a importância de integrar o gerenciamento de riscos ao planejamento e ao orçamento do projeto. Esperamos que este conteúdo seja útil para o aprimoramento das suas futuras obras.

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Nina Ribeiro Gerente de Sucesso do Cliente na Prevision

Engenheira Civil com mais de 5 anos de atuação na área, é Gerente de Sucesso do Cliente na Prevision, onde lidera uma revolução na gestão de obras há quase 3 anos...

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